terça-feira, 5 de julho de 2011

Apontamentos para a genealogia da paixão

ilustração de Victo Ngai


Porra Nietzsche, me explica a genealogia da paixão, caralho! De onde vem essa doença obssessiva que transforma uma simples (e simples mesmo!) mulher na mais soberana deusa? De que antiguidade heróica vem esse impulso erótico irresistível? De que vício primitivo essa embriaguez ridícula e infantil? De onde, essa febre que não passa, essa conspiração terrível do universo?

Apontamentos para uma genealogia da paixão:

- O homem é o animal que faz promessas.
- A beleza é a promessa de felicidade.
- A vontade de potência é o impulso à promessa.

Daí que:
a) A vida não faz sentido, as promessas são falsas, a beleza é o simulacro da felicidade, a vontade de potência é o impulso à auto-destruição.
b) A vida é uma dádiva, a beleza um bálsamo, a vontade de potência o gozo.

- A paixão é as letras "a" e "b" ocupando o mesmo espaço ao mesmo tempo, a paixão é essa desregrada e absurda lei da física superhumana, demasiado-super-humana.

[Como é que pode a promessa de felicidade ter um cabelo desses, tão revigorante e nítido? Como é que estão aí estes olhos, este olhar? Como é que está-no-mundo-asssim-essa-postura-esse-andar? Mas que bendita promessa incompreensível! Porra Nietzsche, pro diabo com a moral, eu quero a genealogia do cabelo e do olhar! De que lama, de que pó, de que sal se ergueu esse monstro de beleza?]


Triunfa o ser, novamente...

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