quinta-feira, 7 de julho de 2011

resposta a uma ciumenta

Ok quanto ao ciúmes, ele está naquele rol de instintos animalescos que mal podemos conter. Mas não há porque invejar minha musa, visto que ela jamais poderia escrever algo que sequer roçasse nos pêlos de um parágrafo teu. Eu hoje estou mais sensato, não quero classificá-la como burra, mas de fato existem universos culturais diferentes, e nós não habitamos o mesmo, o que traz alguns problemas; a comunicação é problemática; a admiração tem um limite logo ali na esquina; o tesão se torna um peso na consciência; o medo de amesquinhar-se por paixão fala mais alto; enfim, toda sorte de paradoxos da vida aparecem para jogar na arena e a torcida pressiona por um resultado que, sabemos, não poderá ser senão o zero a zero.

E isso é perturbador, não? Que raça humana, que humanidade, que comunidade, que escambau isso de pensar que somos todos iguais e blá-blá-blá; somos diferentes, porra, e bota diferentes nisso! Por que é que não se pode falar nisso sem que soem os apitos da patrulha moral? Abismos, abismos por todos os lados, separando-nos uns dos outros, isso é o que chamamos "humanidade"! Belas palavras; a coragem está engavetada junto com os papéis amarelados do tal contrato social.
 
Haha, e apesar do abismo logo ali, e da máscara de horror que foi encoberta, eu penso na minha musa, sim eu penso, e muito, ridiculamente, retomando as imagens da fantástica promessa de felicidade...
 
Ah, minha musa
tão bela e tão burra.
A quem odeio
com todo meu amor.
 
Eu ainda há pouco ouvi a 9ª do Beethoven, fazia tempo. Gosto pra caralho, de verdade, sem pedantismo. Foi inevitável, eu tive que pensar no que é que a minha musa conhece de Beethoven. Haha, não tenho dúvidas de que nem sonha que exista uma tal maravilha. Pois então, não estou livre para pensar que minha musa verdadeira é Beethoven?!!
 
Beethoven é um Criador muito mais justo e generoso que o camarada Deus, pois que as belezas que cria se comunicam comigo, são acessíveis, fazem parte do meu universo. E Beethoven é apenas um dos deuses no panteão, sem qualquer pretensão de ser o único. Então, que minha musa evangélica vá pastar bovinamente com seu Deus misericordioso, enquanto eu fico com meus deuses amorais!
 
Rostropovitch no Muro de Berlim
 
 

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