terça-feira, 15 de novembro de 2011

10 mulheres cinematográficas


Não são as dez mais belas atrizes. Não são as dez melhores personagens. Não são as dez melhores interpretações. São as dez melhores misturas disso, são as minhas dez mulheres inesquecíveis do cinema. Chega de explicação.


10 - Sue Lyon  (Lolita, dir. Stanley Kubrick, 1962)
A conspiração Nabokov-Kubrick vingou. Como nunca li o livro, tenho que me limitar ao segundo, que era um grande filho da mãe. O desgraçado conseguiu transformar uma loirinha bem padrãozinho american way of life num tormento dos diabos; uma adolescente estúpida no alvo do maior dos desejos. Deixo pro Freud explicar por que é que essa cena não me sai da cabeça.


9 - Cate Blanchett (Não Estou Lá, dir. Todd Haynes, 2007)
Quem diria que num filme onde seis atores interpretam seis facetas de Bob Dylan seria justamente uma atriz que daria vida ao Dylan mais dylanesco?


8 - Marie-France Boyer (As Duas Faces da Felicidade, dir. Agnes Varda, 1965)
Tantos anos vendo propagandas de loiras de olhos claros e dentes reluzentes devem ter tido algum efeito. Na verdade, é o jeito que ela meche a cabeça. Sei lá, ela dá umas osciladas, tem uma ginga de pescoço ou coisa assim que a faz irresistivelmente encantadora. Além disso é tudo muito claro nela, cristalino, ensolarado, refulgente, iluminado. É quase um sol ambulante.


7 - Anna Chlumsky (Meu Primeiro Amor, dir. Howard Zieff, 1991)
Agora adentramos no terreno do Amor puro & verdadeiro. Foi minha primeira musa do cinema. O par de olhos mais vivos que eu já vi. Filme tão marcante da infância; hoje quando assisto só fico olhando pra pernas da Jaime Lee Curtis. Droga.


6 - Rinko Kikuchi (Babel, dir. Alejandro G. Iñárritu, 2006)
Essa listinha tá muito inofensiva, chegou a hora de colocar alguma mulher mais complicadinha por aqui. Virgem, surda, perdida, agressiva, derrotada. Selvagem, às vezes. Desconcertante, sempre.


5 - Uma Thurman (Pulp Fiction, dir. Quentin Tarantino, 1994)
Mia Wallace é uma homenagem ao cinema, como tudo o mais em Tarantino. Eu vejo nela, pelo menos, alguma Anna Karina do Godard e a Barbara Steele do Oito e Meio. Seja como for, é uma mulher eletrizante, veneno de alta voltagem, overdose de campos magnéticos que a tudo atrai e arrasta.


4 - Natalie Portman (O Profissional, dir. Luc Besson, 1994); (Closer, dir. Mike Nichols, 2004); (Cisne Negro, dir. Darren Aronofsky, 2010)
Natalie Portman é capaz de deixar alguns tarados em estado de pura obsessão. Não é meu caso. Pelo menos é o que eu pensava, até este momento. Acabo de perceber que a moça nascida em Jerusalém poderia ocupar três posições deste ranking, com as três personagens acima. Atire a primeira pedra quem não ficou assim meio confuso com a guriazinha de O Profissional. A segunda pedrada será daqueles que não começaram a se encantar já na cena de abertura de Closer, em que a moça anda ao som da delicada trilha de Damien Rice. A pedrada de misericórdia está reservada aos que não saíram do cinema transtornados após a negra metamorfose do cisne. (Pensando bem, minha obsessão não é assim tão grave: alguns certamente lembrariam da Rainha Amidala de Star Wars. Tem muito louco neste mundo).


3 - Ingrid Thulin (Morangos Silvestres, dir. Ingmar Bergman, 1957)
Devo dizer que a partir daqui é uma competição muito fácil de ser resolvida. Thulin põe todas as anteriores no chinelo com sua fascinante Marianne, personagem de encanto desafiador, dignidade orgulhosa e obstinada sensibilidade. Seu embate com o professor Borg é um poderoso estimulante aos olhos e à inteligência do espectador. Lembro como fiquei desconcertado com a sua primeira aparição no filme, de roupão branco, recostada ao batente da porta, numa postura de divina indolência. Acho que vou mandar fazer uma estátua dessa sueca para colocar aqui em casa.


2 - Scarlett Johansson (Encontros e Desencontros, dir. Sofia Coppola, 2003)

Quem não lembra da cena de abertura? Foco numa bela e grande bunda vestindo uma calcinha semitransparente. E apesar disso, nenhum traço de vulgaridade. Charlotte foi meu protótipo de mulher perfeita durante uns anos: linda mas discreta, gostosa mas contida, exuberante mas melancólica. Não posso simplesmente desprezar meu passado; ela permanece sendo um modelo de suave feminilidade e um símbolo de parceria entre indivíduos em crise. Além do mais, é evidente que há muitos outros motivos para se admirar o início da carreira desta atriz que agora se divide entre Woody Allen e abacaxis blockbusters.


1 - Nicole Kidman (As Horas, dir. Stephen Daldry, 2002)
Não me resta saída, preciso apelar para o mais covarde dos argumentos: não tenho palavras para comunicar, elas me são insuficientes, é necessário ver o filme e ponto final. Nicole Woolf. Virginia Kidman. Os gestos. Os olhares. As intenções. As angústias. As posturas. O nariz. A coragem. Ah, pro diabo com as outras nove. Tem algo aqui de muito mais poderoso, e eu fracasso completamente em tentar dizê-lo.



[Antes que alguém meta o bedelho nas minhas escolhas, que pelo menos perceba quão interessante é olhar as fotos uma após a outra, prestando atenção nos olhares e nas posturas, muito mais comunicativas do que minhas palavras inúteis. De qualquer forma, eu sei que amanhã eu vou estar arrependido destas escolhas, pois hei de lembrar de outras, muitas outras personagens encantadoras.]

6 comentários:

  1. Dizia Truffaut: cinema é fazer coisas belas a mulheres belas.

    Ótimo post.

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  2. Cacete, eu fico horas bolando um monte de frases e não consigo chegar perto de uma como essa do Truffaut. Essa é pra memorizar, não conhecia.
    Valeu.

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  3. Matou a charada, meu caro. Foi você.

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  4. Eu partucilarmente, esperava alguma esfinge-tresloucada-meio-raposesca com graves tendências auto-destrutivas. E agora com costelas a menos. Saudades querido, mas ainda estou nas sombras.

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  5. Pois olha, raposa, eu cheguei a pensar na personagem da Wynona Rider ou da Angelina Jolie no filme Garota Interrompida. E agora me ocorreu A Bela da Tarde. Não chegam aos teus pés, mas são meio raposescas. Nenhuma delas é capaz de ressucitar, por exemplo, como tu acaba de fazer. Prazer em tê-la de volta.

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  6. É um prazer estar de volta. E sempre um deleite te ter, mesmo que assim.

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