quarta-feira, 30 de março de 2011

parágrafo

[como despertar a memória usando palavras impressas]

"Houve uma rápida visão de azul, lembrava-se, e alguém sentado com ele rira, capitulara, e ele ficara muito zangado. Devia ter sido sua mãe, pensou, sentada numa espreguiçadeira, enquanto seu pai ficara de pé atrás dela. Começou a procurar por entre a série infinita de impressões que o tempo, folha por folha, dobra após dobra, suave e incessantemente, depositara em seu cérebro; por entre odores e sons; vozes ásperas, graves, doces; e luzes passando, vassouras batendo; e o marulho e o silêncio do mar, e como um homem andava de um lado para outro, se detendo de repente e se postando imóvel atrás deles."

"Passeio ao Farol" de Virginia Woolf, tradução de Luiza Lobo, editora Riográfica, pág. 171

2 comentários:

  1. A minha Virgínia (Orlando, claro):
    "As formigas e as abelhas concordam, mas, e se ficarmos aqui deitados o tempo suficiente para interrogarmos as borboletas nocturnas que esvoaçam por entre as pálidas campainhas, elas murmurar-vos-ão ao ouvido os mesmos disparates que ouvimos quando há tempestade e os fios dos telégrafos zumbem: «Riso! Riso!», exclamam as borboletas." - Pelos motivos óbvios.

    "Devemos modelar as nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro dos nossos pensamentos." - Tentando apenas.

    " Pois se há (por acaso) setenta e seis campos diferentes, todos pulsando simultâneamente na cabeça, quantas pessoas diferentes não haverá - valha-nos o céu- todas morando, num tempo ou noutro, no espírito humano? Alguns dizem que duas mil e cinquenta e duas. De modo é que é a cois mais natural do mundo uma pessoa chamar, logo que fique sozinha, Orlando? (se esse é seu nome), querendo com isso dizer Vem, Vem! Estou moralmente cansada deste eu. Preciso de outro." - Contenho multidões.

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  2. Ainda não tive o prazer de conhecer Orlando, mas é uma ótima apresentação.

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