sábado, 30 de julho de 2011

Liberdade poética

foto de Nathalie Bardou

Se vivo, Mario Quintana estaria completando 105 anos hoje. Mas ele está liberto, rindo com seus sapatos.


Libertação

A morte é a libertação total:
a morte é quando a gente pode, afinal,
estar deitado de sapatos...

"A vaca e o hipogrifo", de Mario Quintana, L&PM, 4ª ed, 1983, pág. 34

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Épater le réalité ou Tem dias que o quarto parece maior que a torre



A espantosa realidade das coisas
É a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é,
E é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra,
E quanto isso me basta.

Basta existir para se ser completo.
[...]
Às vezes ponho-me a olhar para uma pedra.
Não me ponho a pensar se ela sente.
Não me perco a chamar-lhe minha irmã.
Mas gosto dela por ela ser uma pedra,
Gosto dela porque ela não sente nada,
Gosto dela porque ela não tem parentesco nenhum comigo.
Outras vezes ouço passar o vento,
E acho que só para ouvir passar o vento vale a pena ter nascido.

trecho dos Poemas Inconjuntos de Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)




Ora, por favor, deixem que por um instante estas palavras sejam minhas:

A espantosa realidade das coisas é a minha descoberta de todos os dias.
Cada coisa é o que é, e é difícil explicar a alguém quanto isso me alegra e quanto isso me basta.

Ano passado, num arroubo de sincera cafonice obriguei-me a colocar aqueles versos na epígrafe do meu trabalho de conclusão de curso. Foram de Nietzsche e Pessoa as últimas palavras que encontrei para expressar o alegre ressaibo de desesperança deixado pelos anos de pesados fardos do conhecimento. O sentido já se havia subordinado, já se havia compromissado com a clareza, com a retidão, com a necessidade, com a lógica, com a causalidade, com a finalidade. O sentido já não tinha mais espaço para perder-se, e portanto eu já não me encontrava - salvo nos lugares onde esperava-se que eu estivesse.

O homem moderno começa a pressentir os limites daquele prazer socrático de conhecer. (Nietzsche em A Origem da Tragédia)


E aqui já me vejo completamente perdido. Já não sei o que queria dizer no início desta postagem, e já não sei o que é que tantas frases fazem aqui. Melhor assim.


As cenas são de "O enigma de Kaspar Hauser" (dir. Werner Herzog, 1974)

sábado, 23 de julho de 2011

Dance, dance, senão estamos perdidos

Já faz um tempo que eu me ponho a imaginar-me o dono da festa. Aquilo que aparece nos filmes, um grande apartamento ou casa, uma aparelhagem de som potente, algumas luzes e a oferta de drogas franqueada a todos. Queria ser o anfitrião do paraíso de música - paraíso de música pop é inferno mergulhado em todo tipo de droga. Ia ter Stones, claro, ia ter Creedence, Tim Maia, Doors, Joy Division, Smiths, Raul, James Brown; poderia ter algumas coisas mais recentes, Franz Ferdinand, Air, Strokes, Mia, Chemical Brothers, entre tantas outras.

Mas uma não poderia faltar de jeito nenhum.



quinta-feira, 21 de julho de 2011

Don't forget me ;) ou Todo dia no meu ônibus vai uma colegial sueca




Da doçura para a malícia em 2 segundos. E é apenas uma adolescente desprezível, apenas um animal na sua plenitude. Praticamente um antílope de vestido.

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a adolescente

Vai andando e vai crescendo. É toda esganifrada: a voz, os gestos, as pernas... Antílopes! vejo antílopes quando ela passa! Pois deixa, passando, um friso de antílopes, de bambus ao vento, de luas andantes, mutáveis, crescentes...

"Na volta da esquina", de Mario Quintana, ed. Globo, 1979

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A cena é de Lolita (dir. Stanley Kubrick, 1962)

terça-feira, 19 de julho de 2011

Perguntas implacáveis, respostas polêmicas.


O entrevistado em sua casa de verão, onde recebeu a equipe de reportagem com um chimarrão



O seu blog está tendo um sucesso estrondoso, com recordes de visitações. A que se deve tal êxito?
Primeiramente ao uso estratégico da palavra alfa no título e no endereço, o que traz toda sorte de incautos a procura de auto-ajuda, místicos compulsivos, entediados com interesses metafísicos, bobocas fora-de-moda fissurados em orientalismos, desinformados com tendências exóticas, entre outros. Mas meu público mais frequente e fiel são jovens inseguros e pseudo-intelectuais ociosos. Existe, ainda, uma pequena porcentagem de pessoas com real interesse em música, mas aí já passamos para os motivos de potencial fracasso do meu blog. Além disso...

Perdão, mas precisamos passar para a próxima pergunta. Como você adquiriu tanta bagagem cultural?
... como eu dizia, além disso, a picaretagem intelectual tem um público fiel consumidor, o que pelo menos serve para que eu exorcize meus demônios de baixa auto-estima e de fraqueza de caráter. E também não se deve desprezar o fato de que eu não tomo qualquer medicação para vencer os problemas da vida. As pessoas admiram isto. E, bem, qual é mesmo a pergunta?

Falávamos sobre a sua vida sexual...
Hm, não me parece de bom tom esse tipo de pergunta, mas reconheço que é a única coisa que interessa a todos e não há assunto mais importante. Eu não sei bem o que dizer, me sinto encabulado...

Ora, ora, não seja ridículo, é preciso que se diga algo a respeito!
É claro, é claro! Bem, parafraseando Lorde Henry Wotton, eu diria que é preciso curar a alma por meio dos sentidos, e curar os sentidos por meio da alma.

É típico dos intelectuais sair pela tangente com citações literárias. Quais são seus autores prediletos?
Eu já estou bastante entediado com vocês. Na verdade eu fico entediado com as pessoas com uma facilidade que só podem julgar doentia. Eu não sei, deve ter acontecido alguma coisa na minha infância, desconfio que ainda no útero, que me deu um talento ímpar para sentir-me desconfortável na presença de outros seres humanos. Mas não me olhem assim, eu não tenho absolutamente nada contra vocês, e eu até não estou me sentindo tão mal quanto costuma ocorrer, viu? Eu apenas acho, sinceramente, que poderíamos desligar este maldito microfone, nos calarmos e ligarmos o som, alguma música. Me deixaria realmente feliz se pudéssemos dançar agora mesmo. Não há nenhuma moça com vocês?

Seus posts mais pessoais se baseiam em coisas que aconteceram de verdade, realmente?
Eu gosto muito de Yukio Mishima. E as pessoas ficam impressionadas, "nossa, ele conhece até literatura japonesa!". Isso me deixa bem emputecido, mas fazer o quê, se somos sempre julgados por aquilo que somos, não é? Mas devo dizer que os únicos enigmas que eu aprecio são os de Borges. Borges é o nome do porteiro do meu prédio, e ele diz coisas fantásticas, como, por exemplo, rato quando envelhece vira morcego, ou frases excepcionais, como "malandro é o parafuso, que já nasce com o cabelo repartido no meio". Mas eu logo fico entediado com a sabedoria popular. Borges é também o nome de um escritor argentino, talvez vocês conheçam.

Queremos saber a sua opinião sobre assuntos importantes: religião, drogas, mídia, política, casamento gay, vegetarianismo, essência humana, amor...
Eu não tenho força de caráter suficiente para ter opiniões próprias. Leiam Nietzsche e constatem que, vergonhosamente, eu apenas assimilo a sua visão de mundo, sem enfrentamento crítico-histórico.

Como você considera a importância da política para a sociedade?
(risos; em seguida assume um semblante sinistro) Conhece o manifesto simplista do Henrique? "Não existe justiça, existe êxito. Não existe lei, existe acordo. O poder não me seduz e o controle da ejaculação já é suficiente."

Você parece um tanto alienado... já parou para pensar que sozinhos não somos nada?
(com olhar faiscante) Sim, meu amigo. Onde foi que tu aprendeu essa frase? Não interessa. Mas saiba que eu sou muitos...

Mais uma vez, uma saída pela tangente intelectualóide. Diga-nos, como é o seu dia-a-dia?
Faço decálogos. Este foi o último:
- Sol e Aço (Mishima)
- A invenção de Morel (Bioy Casares)
- Martin Eden (Jack London)
- Seis personagens à procura de um autor (Pirandello)
- Mrs. Dalloway / Passeio ao Farol / Orlando (Virginia Woolf)
- Poemas (Fernando Pessoa)
- Contos (Kafka)
- Crime e Castigo (Dostoievski)
- Um antropólogo em Marte (Oliver Sacks)
- Nietzsche

Qual é o sonho da sua vida?
Entrar de penetra numa daquelas festas privês em apartamentos gigantescos, sabe, som bombando a mil, cheio de gente entupida de tudo que é tóxico até o rabo, encher a minha cara, pegar uma baita duma gostosa num canto escuro, e não lembrar de nada no dia seguinte.

Qual é a coisa mais estranha que já te aconteceu?
... Hm... nossa, nunca pensei nisso... que perguntinha hein? (risos)... Acho que foi na 6ª série, numa daquelas viagens de estudo onde se aprendem valiosos códigos de sociabilidade. Eu gostava de uma guria altona e magra de outra turma. Meus colegas ajeitaram tudo, quando dei por conta eu estava com ela numa sacada do hotel, sozinhos. Era uma noite elétrica, raios e trovões um atrás do outro, uma tempestade acabava de chegar. Ela se tremia toda, tadinha, fechava os olhos a cada raio, era a imagem do medo. Eu, apesar de não ter medo de tempestade, estava completamente cagado de pavor, mal me mexia. Eu sabia que algo tinha que ser feito, mas o quê, caramba! A porta estava trancada por dentro pelos colegas. Pensei em pular sacada afora, mas era muito alto. Acabamos ficando por ali mesmo, não havia saída. Desde aquela vez eu me sinto especialmente atraído por mulheres altas e magras, apesar de que elas nunca se sentem atraídas por mim. Eu acho isso bem estranho...

Não é difícil perceber que você possui uma forte sexualidade reprimida. Isso demonstra que você é carente.
Genial. Olha, eu estou de acordo com o Eduardo Haak: "As pessoas reverenciam demais o inconsciente, ficam cheias de dedos quando se referem a ele. Para mim, o inconsciente não passa de um David Lynch, só que medíocre, sem qualquer talento cinematográfico."

Resuma a sua filosofia de vida, diga qual o sentido de se estar aqui neste mundo, enfim, quem é você?
(em silêncio, o entrevistado liga o seu notebook e acessa o seguinte link)

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Quero ser Neandertal


Antes de abrir a boca pra falar, meço o potencial alcance das minhas palavras. O cálculo é rápido: quase sempre desisto. Me rendo ao silêncio, que quase sempre é certeiro. Quase sempre.

Mas teve aquela vez que eu disse: "Ouvi teu som no jardim, e porque eu estava nu, fiquei com medo e me escondi." (Gênesis 3:10)




Pensando bem, nada do que eu disse até hoje foi importante.


Marlon Brando e Maria Schneider em cena de "Último tango em Paris" (Last tango in Paris, dir. Bernardo Bertolucci, 1972).

quinta-feira, 14 de julho de 2011

O mito da caverna de Nakre Anglern

foto de Trent Parke

Eu tenho um talento impressionante para a inércia. "É espantoso, é espantoso. Que capacidade para o alheamento! Com que força sabe escapar à ação! Que insensibilidade exuberante!" Eu mesmo não entendo como é que posso ter o tédio em tão alta estima. A solidão, meu Deus, a solidão! Ela me é tão necessária quanto o próprio ar! E ainda se eu tentasse ser um intelectual, um filósofo, um misantropo, um radical, sei eu, um destes que se agarra às idéias e faz dela suas companheiras no ócio e na urgência - mas não! Minhas idéias são relâmpagos de sonho, eu as perco assim que as tenho, e mal posso lembrar o que pensei há um minuto. (Não há pergunta que me deixe mais embaraçado e aflito do que: - E aí, o que tu fez ontem? - O esforço por lembrar é terrível, e penoso é admitir que não há o que lembrar, pois eu nada fiz ontem. E no entanto me pareceu um dia bem agradável).

Dizem que sonhamos todas as noites, embora nossa memória geralmente não retenha mais que fugazes impressões. Mas esta noite eu acordei de um sonho, e fiquei desperto na cama, lambendo cada gotinha do sabor de felicidade que ia escorrendo pelo ralo da memória. Eu ainda lembro de algumas coisas, mas elas já não me deixam muito feliz, porque me assombra esta dúvida: por que é que no sonho fui feliz de uma maneira que não acontece na realidade? Por que é que na "vida real" (ora, ora, outra hora discutimos o que seja isso) não sinto esta felicidade que eu de fato senti (realmente! de fato! sim, eu senti!) no sonho?

Ainda na cama, às 4h50min, meu corpo era atravessado por uma sensação de bem-estar indescritivelmente boa. Talvez mesmo a endorfina (ou seja lá que química) estivesse atuando no meu córtex (ou seja lá onde for), como ocorre em determinadas circunstâncias da vida, diante de determinadas experiências. Mas não havia experiência alguma! Eu estava deitado na cama, simplesmente dormindo, meramente recuperando energias para mais um dia de trabalho. Eu não estava me defrontando com nenhuma realidade, eu estava praticamente morto, meu Deus, e no entanto... que felicidade! Como puderam minhas endorfinas e meus agentes químicos enganarem-se (ou enganarem-me?) assim dessa forma? Não havia nada, a não ser escuridão e uma leve respiração, e, inexplicavelmente, fez-se a luz da felicidade numa explosão cosmogônica, e eu fui feliz naquele momento, feliz como poucas vezes.

Eu caçava um tigre (com uma espada?). Eu tinha os pés descalços. Havia vento e eu sentia cheiros (vários ao mesmo tempo?). Eu perseguia a fera. Eu a vencia. Eu via minha face (que não era minha) refletida na poça de sangue.

Foi isso que fiz ontem.

sábado, 9 de julho de 2011

Beethoven, de novo



Impressiona a beleza e a importância da violência. As ações e os atos existem, de fato, senão de direito. As ações são, o homem faz - é o tempo que lhe pesa na consciência, é o tempo que lhe adoece, é o tempo que lhe torna fraco, covarde, mórbido, pesado, ressentido; é o tempo que lhe joga contra a vida, impotente e servil às promessas. Antes besta na ação, diria Nietzsche, do que doente da razão. Foi a consciência humana (demasiado!) que criou o tempo - o tempo é a consciência - e foi isto, este tempoconsciência, que tornou o homem doente do homem.

Depois de tantos séculos de eterno retorno, o tempo irreversível é a própria consciência irreversível. Será o tempo destroçado também a consciência destroçada? Ao espaçotempo diluído corresponderá a consciência diluída? A odisséia de 2001 já bate à porta, o útero do tempo já se faz maduro, o longo túnel vermelho dos sonhos quer se fazer realidade...

Não são gratuitas as citações de Irreversível à 2001: Uma Odisséia no Espaço

Irreversível (Irreversible, França, 2002)
Dirigido por Gaspar Noé

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Lágrimas

Não se atravessa uma memória sem se molhar,
pois lembranças são pontes que terminam na água.

foto de Trent Parke

quinta-feira, 7 de julho de 2011

resposta a uma ciumenta

Ok quanto ao ciúmes, ele está naquele rol de instintos animalescos que mal podemos conter. Mas não há porque invejar minha musa, visto que ela jamais poderia escrever algo que sequer roçasse nos pêlos de um parágrafo teu. Eu hoje estou mais sensato, não quero classificá-la como burra, mas de fato existem universos culturais diferentes, e nós não habitamos o mesmo, o que traz alguns problemas; a comunicação é problemática; a admiração tem um limite logo ali na esquina; o tesão se torna um peso na consciência; o medo de amesquinhar-se por paixão fala mais alto; enfim, toda sorte de paradoxos da vida aparecem para jogar na arena e a torcida pressiona por um resultado que, sabemos, não poderá ser senão o zero a zero.

E isso é perturbador, não? Que raça humana, que humanidade, que comunidade, que escambau isso de pensar que somos todos iguais e blá-blá-blá; somos diferentes, porra, e bota diferentes nisso! Por que é que não se pode falar nisso sem que soem os apitos da patrulha moral? Abismos, abismos por todos os lados, separando-nos uns dos outros, isso é o que chamamos "humanidade"! Belas palavras; a coragem está engavetada junto com os papéis amarelados do tal contrato social.
 
Haha, e apesar do abismo logo ali, e da máscara de horror que foi encoberta, eu penso na minha musa, sim eu penso, e muito, ridiculamente, retomando as imagens da fantástica promessa de felicidade...
 
Ah, minha musa
tão bela e tão burra.
A quem odeio
com todo meu amor.
 
Eu ainda há pouco ouvi a 9ª do Beethoven, fazia tempo. Gosto pra caralho, de verdade, sem pedantismo. Foi inevitável, eu tive que pensar no que é que a minha musa conhece de Beethoven. Haha, não tenho dúvidas de que nem sonha que exista uma tal maravilha. Pois então, não estou livre para pensar que minha musa verdadeira é Beethoven?!!
 
Beethoven é um Criador muito mais justo e generoso que o camarada Deus, pois que as belezas que cria se comunicam comigo, são acessíveis, fazem parte do meu universo. E Beethoven é apenas um dos deuses no panteão, sem qualquer pretensão de ser o único. Então, que minha musa evangélica vá pastar bovinamente com seu Deus misericordioso, enquanto eu fico com meus deuses amorais!
 
Rostropovitch no Muro de Berlim
 
 

terça-feira, 5 de julho de 2011

Apontamentos para a genealogia da paixão

ilustração de Victo Ngai


Porra Nietzsche, me explica a genealogia da paixão, caralho! De onde vem essa doença obssessiva que transforma uma simples (e simples mesmo!) mulher na mais soberana deusa? De que antiguidade heróica vem esse impulso erótico irresistível? De que vício primitivo essa embriaguez ridícula e infantil? De onde, essa febre que não passa, essa conspiração terrível do universo?

Apontamentos para uma genealogia da paixão:

- O homem é o animal que faz promessas.
- A beleza é a promessa de felicidade.
- A vontade de potência é o impulso à promessa.

Daí que:
a) A vida não faz sentido, as promessas são falsas, a beleza é o simulacro da felicidade, a vontade de potência é o impulso à auto-destruição.
b) A vida é uma dádiva, a beleza um bálsamo, a vontade de potência o gozo.

- A paixão é as letras "a" e "b" ocupando o mesmo espaço ao mesmo tempo, a paixão é essa desregrada e absurda lei da física superhumana, demasiado-super-humana.

[Como é que pode a promessa de felicidade ter um cabelo desses, tão revigorante e nítido? Como é que estão aí estes olhos, este olhar? Como é que está-no-mundo-asssim-essa-postura-esse-andar? Mas que bendita promessa incompreensível! Porra Nietzsche, pro diabo com a moral, eu quero a genealogia do cabelo e do olhar! De que lama, de que pó, de que sal se ergueu esse monstro de beleza?]


Triunfa o ser, novamente...