sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Meu pseudo-protesto na minha pseudo-praça Tahrir

Deus, Marx e Amy Winehouse: três mortes que me marcaram. Três mortos que vêm me assombrar de vez em quando. Os três querem me salvar, cada qual a seu modo. Mas eu nasci nos anos 80 e herdei do tempo o cinismo e a impotência - além do Plano Collor. Sofro de amnésia social: a impossibilidade de acreditar em qualquer coisa externa a mim que dure mais do que 15 minutos. Participo desse reality-show de american-way-of-life made-in-Paraguay e remanufaturado na China. É mais barato e mais saudável desperdiçar - desperdiçar água, energia, tempo, dinheiro, oportunidades, sonhos - do que depender de Valium, Lexotan, ácido, coca, fé ou fraternidade. Nenhum terapeuta vai ter coragem de me dizer que a primeira vez é sempre a última chance. Nenhuma enciclopédia virtual vai me fazer entender o porquê de toda essa matéria escura espalhada pelo universo, exigindo uma explicação. Nenhum software livre vai reverter minha condenação à liberdade. Nenhuma rede social vai entender meu protesto.

Geórgia, 2011 - foto de Irakli Gedenidze

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